Só quem realmente participou do processo é que tem uma noção, ainda que vaga e extremamente insegura, do que aconteceu até a nomeação de Leonam Cruz como novo Desembargador do TJE. Nem de longe o Leonam era favorito. Era azarão mesmo. Os favoritos, de sempre, eram Haroldo Guilherme e Ana Maria Barata. Correndo por fora vinha Edilson Dantas. Outros nomes foram apresentados, como Paulo Klautau, Paulo Weyl (isso para não falar dos demais que nem mesmo integraram a sêxtupla).
Houve uma tremenda correria de candidatos e seus representantes aos desembargadores, pedidos de todos os lados, inclusive (extraoficialmente) da própria Governadora do Estado. A boataria correu solta até o dia da votação. Dizia-se que no Paulo Weyl o TJE não votaria porque ele era o candidato da governadora. No Paulo Klautau também não porque é muito novo e porque - pasmem - ele passou anteriormente no concurso para magistrado e não quis assumir. O Edilson Dantas seria ligado ao Jader Barbalho e inúmeras outras besteiras do gênero.
Quanto à Ana Maria Barata, dizia-se que era nome certo na lista dos Desembargadores. Já em relação ao Haroldo, ouviu-se muito falar que, ainda que fosse o mais votado, não tinha chance de ser escolhido pela Governadora por conta de supostas ligações com grupos políticos contrários ao PT.
Quanto ao Leonam, o que se dizia é que.....não se dizia nada. Era um azarão.
Pois bem. Na primeira votação já entrou na tríplice, como já esperado, o Haroldo Guilherme. O segundo foi Edilson Dantas, depois de várias votações.
A terceira vaga estava sendo disputada, voto a voto, por Paulo Klautau e Ana Maria Barata. Paulo Weyl também estava na briga, embora de longe.
De repente a votação mudou. Os votos que estavam sendo dados para o Paulo Klautau e Paulo Weyl migraram para Ana Barata e Leonam Cruz (que vinha somente perdendo votos em todos os escrutínios).
O que pretendeu o Tribunal com isso? Por que o Leonam, de repente, passou a ter os votos que anteriormente não lhe eram dados?
Colegas que participaram ativamente do processo explicam que o Tribunal quis elaborar uma lista que forçasse a governadora a escolher Haroldo Guilherme.
Já no final da votação, quando a disputa ficou somente entre Ana Barata e Leonam, um grupo de advogados já anunciava que a escolha naquele momento não era mais do nome do terceiro advogado para compor a tríplice, mas do próximo desembargador, porque Haroldo e Edilson não seriam escolhidos.
Esse mesmo grupo, ao final, prometeu obter a nomeação de Leonam ainda naquela tarde. E conseguiu, impossibilitando qualquer mobilização por parte de outros candidatos.
Se o TJE quis impor à Governadora o nome de alguém (Haroldo ou até mesmo Edilson), a resposta foi a nomeação do candidato menos votado, tanto na sêxtupla quanto na tríplice. A vontade da classe não foi levada em conta.
Apenas como reflexão, vale destacar o comentário do Desembargador Milton Nobre a um jornalista que o entrevistava após a votação. Dizia o Nobre Desembargador Milton, que "na nossa casa ninguém interfere, ninguém dá palpites". Quem ouviu podia jurar que esse senhor fez concurso público para a magistratura.
É isso aí. Vamos torcer que o Leonam, que deu uma tremenda sorte, seja um bom desembargador, SEM ESQUECER QUE FOI ADVOGADO.
Também gostei. A turma da ATEP se dispõe a discutir assuntos do nosso interesse, e com inteligência.
ResponderExcluirLegal. Não fazia ídéia dos bastidores da disputa.
ResponderExcluirAquele que escreveu esse artigo acompanhou de perto o processo de escolha do novo Desembargador do TJE e apesar de tudo reputo o Leonam um legítimo representante da classe.
ResponderExcluirMesmo sem ser advogada eu estive presente na disputa acompanhando um dos candidatos e fiquei pasma com os rumos que a coisa tomou. O que está escrito neste artigo é a mais pura verdade. Mesmo sendo boa gente, o candidato Leonam foi um azarão; a opção NEUTRA neste imbróglio que se mostrou bastante politizado e que após 11 sucessivas eleições (até que se chegasse a metade mais um do pleno) acabou dando o último. Até parece um fato bíblico, quando Jesus disse "os últimos serão os primeiros".
ResponderExcluirAmigos,
ResponderExcluirestou publicando algumas impressões sobre o quinto constitucional e sobre o recente processo no meu blog:
blog.direitosfundamentais.adv.br
Será uma honra tê-los por lá. abraços,
Paulo Klautau Filho
É bom saber como as coisas funcionam por lá. Mantenha-nos informado. Atualize periodicamente.
ResponderExcluirAbraço
As teses sobre os diversos candidatos, que a postagem classificou como besteiras, são besteiras, sem dúvida. Mas todas foram ditas e várias vezes. Outro ponto que se poderia acrescentar é que muitos queriam votar num "advogado de verdade", ou seja, um que bate perna em fórum. Esse era o argumento para rejeitar Ana Barata.
ResponderExcluirEstando lá dentro, posso assegurar que tudo isso aconteceu.